segunda-feira, 24 de abril de 2017

Sobre ser

As vezes escrevo para mim, as vezes compartilho com meus amigos minhas ideias, as vezes sussurro meus pensamentos para o mundo e, em troca, ouço o ar acariciar minha pele, como um confidente. O que faço com minhas palavras, meus sentimentos, não é de extrema importância, o que é de fato importante é compreender seus sentimentos, tão banalizados porém tão quintessenciais para nossa experiência como humanos.
Em nossas vidas, interagimos com o mundo a nossa volta e, nessa interação, nos modificamos como pessoas. Jamais devemos nos esquecer de quem fomos para que não deixemos fora de perspectiva o quanto mudamos, afinal de contas, os aprendizados proporcionados por nossas ações são o bem mais precioso que temos quando buscamos nos aperfeiçoar.
Eu sempre busquei dialogar com quem eu fui, bem como com quem eu idealizo um dia ser, porém não é fácil encontrar solo comum, tendo em vista que algumas mudanças são verdadeiras revoluções. Busco tal diálogo porque é através dele que compreendo o que me motiva a caminhar em direção a tais mudanças, contestando-as quando se mostram injustas ou mesquinhas.
É verdade que nem sempre mudamos para melhor, mas cada processo pelo qual passamos nos molda e, em troca, nós moldamos de volta o mundo ao nosso redor. Ao mudar o mundo, aqueles que nos rodeiam tendem a ser afetados, colocando, diariamente, as engrenagens em movimento.
Como homens, o tempo é a nossa matéria mais pertinente, pois guia a leitura de nossa vivência, organizando cronologicamente nossos atos quase que em uma relação de causa e efeito, porém é importante se lembrar que o tempo também apaga detalhes desta cronologia...
Deixo aqui um conselho, dentro de minhas parcas experiências como humano: Jamais se esqueça de quem foi, nem mesmo uma linha. Jamais se esqueça de quando você foi você. Não se esqueça das faces que você apresentou, ou das vozes que você comandou, pois no final, somos apenas personagens em uma história, e o mundo costuma se esquecer dos detalhes sórdidos sobre tais personagens, então permita que, ao menos você, se lembre das lições que cada iteração sua lhe proveu, sejam elas boas ou ruins.

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Sobre sentir pena

  As vezes as pessoas, na melhor das intenções, dizem ter pena de alguém, seja de um deficiente por não ter uma perna, de um gay pelo tanto que ele ira sofrer ou de um órfão por ele ter perdido seus pais. A verdade é que o sentimento de pena é minimalizante e, portanto, danoso, ao menos para mim. Permita-me explicar.
  Toda vez que alguém tem dó de alguém, a pessoa reforça que ela não desejaria estar naquela situação, isso por si só já é um tanto grosseiro, porém compreensível, posto que muitas dessas situações que causam o sentimento de pena costumam ser danosas a seu "portador", porém existe um outro lado para esta moeda, quando alguém não deseja aquela situação para si mesmo, a pessoa está assumindo que nem você nem ela suportariam aquela dor ou sofrimento, quando nem sempre isso é verdade.
  Pergunte para um homossexual orgulhoso se ele preferiria ser hétero e a resposta será, com certeza, um sonoro não. Pergunte para um homem cego se ele desejaria uma vida diferente da dele e ele pode muito bem te dizer que é feliz do jeito que é.
  Quando pressupomos algo sobre alguém estamos inferindo nossas vivências e experiências pessoais em nosso argumento e, portanto, somos incapazes de julgar qualquer situação de modo objetivo. A verdade é que cada um consegue suportar aquilo que vive, a não ser que a própria pessoa deixe claro que não suporta aquilo.
  Sentir pena é minimizar a luta cotidiana de cada um e abdicar de qualquer ação em prol daquele indivíduo, portanto é um sentimento que, apesar de ser quintessencial no ser humano, deve ser desprezado e posto de lado, até que eventualmente suma de vez.
  Uma sugestão para aqueles que estão achando que sem a pena é impossível ser humano: Existe um sentimento muito melhor que a pena, a compaixão, também conhecida como empatia, que é o norte do compasso moral humano(ou deveria ser, ao menos) e que nos permite mover montanhas para ajudar até mesmo um completo estranho. É ela que nos permite agir até mesmo de modo irresponsável para tentar salvar uma vida(enquanto a pena nos força a observar sem tomar qualquer atitude).

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Sobre a homofobia

Lendo comentários em notícias relacionadas ao "universo homossexual" eu cheguei a uma conclusão, a argumentação é falha e geralmente pautada por desconhecimento,sendo até preguiçosa e desleixada em alguns pontos. Então pensei que seria uma boa ideia desmentir alguns mitos:

1)"Querem acabar com a raça humana" - Eu fui até pesquisar pra saber quantos humanos existem na face da terra hoje em dia, fiquei preocupado que o fato de não poder se reproduzir por meios convencionais pudesse realmente afetar a vida no planeta... SOMOS MAIS DE 7 BILHÕES! Sério que alguém ainda tem medo da raça humana se acabar por falta de descendentes? Acho mais fácil o Sol se apagar e a gente morrer congelado...

2)"Ser gay é pecado" - Ok, então deixa eu viver a minha vida e, quando eu morrer, Deus me pune me jogando no inferno... Simples assim ^^ Enquanto a gente espera eu vou namorando, comendo carne de porco, vestindo roupas de dois tecidos e me divertindo no geral :3

3)"Eles querem que todo mundo seja gay" - Uhh... não? Sério, de onde vocês tiram isso? Eu quero mais é que tenha bastante gente nesse mundo pra eu conhecer, adoro conhecer gente nova, sejam elas gays, lésbicas, bissexuais e até mesmo héteros ^^ Aliás, se a vida fosse feita só pra gente procriar/fazer sexo o mundo ia ser um lugarzinho bem chato, não?

4)"Como eu vou explicar pros meus filhos?" - Bom, você pode falar que quando duas pessoas se gostam muito elas namoram, casam e vivem felizes. Uma alternativa é não falar, mas eu posso te assegurar que, a não ser que seus filhos não saiam de casa e não usem a internet eles vão acabar descobrindo como as coisas funcionam.

5)"Isso desvaloriza a família tradicional" - Perdão? Não entendi essa, eu nunca disse que era melhor que alguém por ser gay, aliás, não existe ninguém que seja melhor que os outros, esse é um conceito babaca e que não faz o menor sentido(a não ser que você tenha super-poderes, nesse caso você é superior sim ^^)

6)"Ser gay é escolha" - Olha, eu não tenho nenhum discurso científico pra te provar que não é bem assim, eu comecei a sentir atração sexual aos 12 anos, porém desde o começo sempre foi por rapazes, e não por donzelas.
Até tentei lutar contra por um tempo, mas não dá muito certo. Façamos assim, tenta se sentir atraído por um/a cara/moça e me conta no que deu, tenho certeza que se você realmente for hétero você não vai se sentir atraído.

7)"Eu não concordo com isso" - Esse é o pior de todos, pensa um pouquinho campeão, Hitler não concordava que Judeus e negros mereciam direitos humanos, ele os matou às dezenas de milhares, nem por isso ele estava certo. Protestantes e católicos se digladiaram por décadas para decidir quem estava certo, deixando milhares de filhos sem pais... Colonizadores europeus dizimaram comunidades ameríndias porque se consideravam superiores. Entendeu o recado? Seu ponto de vista está errado e ponto, ninguém merece ter seus direitos negados por pertencer a um grupo diferente do seu.

Espero ter tocado alguns corações acinzentados por aí ^^ Beijos e até uma próxima :3

domingo, 16 de novembro de 2014

Sobre o Mundo

   Uma esfera de terra e água que tem flutuado pelo espaço sozinha desde sua criação, uma centena de milênios atrás, este é o planeta que habitamos, mas mesmo estando aqui já a muitos anos não sabemos muito sobre este maravilhoso mundo, não sabemos o que existe nas profundezas do oceano, não conhecemos nem metade de sua misteriosa fauna e nem sequer como proteger o planeta de nós mesmo, seus mais egocêntricos habitantes. Eu gosto de pensar que o planeta é uma criatura viva, que nos protege, que se irrita conosco, que se sente magoado e até deprimido, que fica feliz e que tenta mudar as coisas. Gosto de pensar que apesar de sua idade não se considera mais sábia que nós, que nos dá liberdade de agir como bem entendermos.
   Os animais as vezes demonstram estar tão atunados com a natureza que são capazes de prever até mesmo desastres climáticos, As vezes pondero se nós, em nossa arrogância, decidimos que estávamos melhores sozinhos e que abandonamos o planeta, que deixamos a voz da Terra se calar em nossas mentes, que quisemos provar algum ponto idiota de superioridade e que, por isso, nos separamos de todo o resto, nos isolando em nossas confortáveis construções de pedra. O ser humano se acha superior a todos, porém fica cada vez mais parecido com as máquinas que cria. Não é de se espantar que já existam máquinas que nos substituam nas mais diversas tarefas, desde o exercício de profissões como a medicina e o direito quanto na produção artística/criativa.
   Vejo os humanos lutando por ideologias que nem deles são, defendendo a perpetuação de uma guerra que está fadada a ter apenas perdedores. Conflitos por recursos, invasão de privacidade, discurso de ódio... Temo que um dia tudo isso se cale em meio ao poderio que nós mesmos criamos, a capacidade de destruir o planeta com a chuva de fogo atômico, ou como preferir chamar está atrocidade que só é possível devido a insegurança e ao ódio humano.
   Sonho que um dia poderei ver um mundo unido, forte, sobre uma bandeira de paz, sonho que não mais lutaremos por território, recursos, armas ou pelo simples prazer de controlar... Sei que isto é apenas um sonho, sei que a Terra jamais será assim. Sei que não é culpa apenas do homem, que apesar dos esforços do planeta, não existe espaço para tantos de nós, hoje somos 7 bilhões, sabe-se lá quantos seremos amanhã...
   Sei que um dia o conflito ira engolir o planeta, que não mais seremos civilizados, que conceitos morais cairão, que valores como amizade e amor serão apenas noções que não terão espaço neste mundo de guerra e ódio, mas rezo para que a bondade e o amor do nosso planeta não se esvaia, que alguém se salve, que a humanidade perdure, que aprenda com o erro dos que vieram antes e que permita um planeta com condições de igualdade para todos os que sobrarem. Esse é o único real poder do ser humano, resistir. Resistimos às guerras, resistimos à morte dos que estão próximos de nós, resistimos ao medo que nos cerca, às nossas incertezas, à nós mesmos...
   Agradeço àqueles que chegaram até esse ponto e imploro que resistam, a vida que vivemos é dura, o ser humano é ganancioso e capaz de odiar, mas o mundo não é cruel, ele é gentil, ele nos dá certezas, como cada amanhecer e cada pôr do Sol. Cada estrela que brilha no céu, os pássaros cantando de manhã e aquela brisa que resfria nossa alma bem quando nós precisamos. Agradeço à oportunidade que o mundo me dá de ser gentil, de evitar o ódio. Espero que algum dia seja capaz de sentir a natureza em mim, mas até lá fico feliz de poder tocar e ser tocado por outras vidas, seja através das ferramentas terrenas(como a voz e o olhar) ou das ferramentas humanas(como o computador e o telefone).

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Sobre a causa LGBT(e qualquer outra letra que se encaixe aqui)

   Esse mês tem sido muito difícil pra mim, todos os dias somos bombardeados com campanhas eleitorais medíocres e que refletem as prioridades invertidas de nossa sociedade, mas o que mais me cansa são os ataques à indivíduos cuja sexualidade não se encaixa no padrão da sociedade. Vou manter este texto simples porque sei que palavras como heteronormativo, discurso de ódio e paralelepípedo são muito complexas para a capacidade cognitiva dos fundamentalistas que defendem "o que é certo", podem me agradecer depois ^^.
   Então vamos lá, o que exatamente um indivíduo gay quer do governo: Igualdade. Você que é heterossexual e está lendo esse texto sabe que quando sair na rua não vai ser atacado por ser hétero, sabe que quando for apresentar a namorada para os seus pais não vai correr o risco de ser expulso de casa ou obrigado a passar por "rituais de purificação", sabe que, caso não possa ter filhos, poderá adotar uma criança ou que poderá contratar um serviço de inseminação artificial para sua esposa. Você tem todos esses direitos garantidos pela constituição. Um individuo gay que saia na rua não sabe se vai voltar pra casa com um olho roxo, com cacos de vidro na cabeça ou se vai, sequer, voltar(e você pode até dizer que você também tem esse medo, mas no fim das contas você teme ser assaltado e não agredido por conta de algo que você não pode mudar), esse indivíduo não sabe se vai poder apresentar o namorado para os pais, alguns vivem a vida inteira sozinhos por medo da rejeição, os poucos que contam estão sempre sujeitos a agressões físicas e verbais(e você pode até dizer que ele pode processar os pais e receber ajuda de amigos, mas você se esquece que TODOS os filhos amam os pais, ninguém prefere estar longe daqueles que lhe presentearam com a vida) e um gay tem que passar por um processo legal extremamente exaustivo para poder adotar uma criança(criança essa que provavelmente está em condições sub-humanas em algum abrigo, apenas esperando que alguém dê amor à ela), e nem me pergunte sobre inseminação artificial...
   Agora você me diz que isso é exagero, que os homossexuais já tem o direito a união estável e que todo mundo sabe que é errado bater em gays, e eu te digo: Não é o suficiente. Não procuramos receber privilégios(como afirmam alguns "defensores da família tradicional brasileira"), buscamos apenas um estado que entenda o que já é tido como conhecimento comum em muitos outros países e por toda a comunidade científica, que o homossexual não é um doente. Que ele merece sim ter seus direitos proporcionados e seus deveres como cidadão cobrados dele, e vale lembrar que união estável não é casamento, e que casamento não é algo exclusivo da religião, buscamos os direitos do casamento CIVIL. Daí você retruca que daqui a pouco vamos querer cotas nas universidades, que vamos pedir o "bolsa gay" e que vamos criminalizar a heterossexualidade, ao que te respondo, meu ingênuo ser humano: QUE? Sim, sua ignorância me choca, as cotas são dadas apenas à indivíduos que não tem acesso ao ensino de qualidade e pessoas com doenças que dificultem a sua educação, um homossexual com renda baixa então teria sim direito a cota, mas não por ser gay, o mesmo vale para um católico com dislexia, que poderá ingressar através de cotas mas não por ser cristão. Sobre "bolsa gay" eu apenas reafirmo meu ponto, não queremos tratamento diferenciado, se um gay estiver apto a receber os benefícios proporcionados pelo bolsa família ele os receberá, o mesmo vale para um evangélico que se encaixe nos quesitos necessários. Por último temos o mais polêmico e mais idiota dos pontos levantados, a criminalização da heterossexualidade... Sério? Minha história romântica favorita é a dos meus pais, um casal heterossexual, católico e extremamente devotado um ao outro, meus filmes favoritos são filmes românticos com casais heterossexuais(About Time, Moulain Rouge, Up! e por aí vai...) e uma de minhas maiores alegrias na vida é saber que a minha melhor amiga um dia terá filhos, sou filho único então por meios naturais jamais seria tio, mas fico feliz que um dia eu possa me tornar um tio de coração.
   Então não temam meus caros heterossexuais assustados, nós não planejamos transformar seus filhos em "viados", não queremos acabar com a raça humana e não queremos ser isentos de impostos(ou melhor, até queremos, mas queremos que TODOS os seres humanos sejam também, afinal de contas, ninguém merece pagar tanto pra não receber nada...) e mantenham em mente que ser gay/lésbica/hétero/bissexual/transgênero/transsexual/travesti/pansexual, ou qualquer outra coisa que seja, não dita o caráter, não devia gerar ódio e não torna ninguém melhor do que ninguém, a orientação sexual e identidade de gênero são, meramente, uma pequena lasca do que qualquer ser humano é, então antes de julgar que alguém deve morrer só porque essa pessoa se relaciona com pessoas do mesmo sexo, lembre-se que essa pessoa também tem sentimentos.

domingo, 10 de agosto de 2014

Hoje eu não estou com pressa

   Eu sei que o dia dos pais já passou, mas devo admitir que não estava me sentindo no melhor dia para escrever sobre o meu pai, ou sobre qualquer pai. Sinto que as celebrações dessa data nunca mais terão o mesmo sentido para mim, mas isto não me impede de celebrar o dia de algum modo.
   Sempre tive medo de como lidaria com mudanças, posto que até a oitava série minha vida havia sido um tanto repetitiva. Olhando em retrospecto sinto saudades daqueles dias sem preocupações, das noites cantando com meus pais, das discussões por coisas tão triviais e cujos motivos eram esquecidos antes do final da discussão, sinto falta de cada pequeno detalhe que formava aquela infância despreocupada...
   Quando tive de mudar de escola pela primeira vez na vida eu percebi que aquela vida que eu havia vivido já não me cabia mais, foi então que percebi que eu podia me adaptar a qualquer grupo, que eu poderia ser amigo de quem eu quisesse(algo que, para um garoto tímido e que vivia dentro de uma bolha, parecia ser um pouco demais para meu pequeno cérebro).
   Quando terminei meu colegial percebi mais um segredo sobre a vida, que não pertencemos a lugar algum, que podemos construir uma casa, seguir todas as regras da sociedade, fazer amizade com todas as pessoas que a gente encontrar e que continuaremos apenas flutuando no espaço pelo tempo que nos resta até que nossas vidas acabem e nossos corpos não mais se movam.
   Sei que isso parece deprimente para o leitor de primeira viajem, mas aviso que apenas aquele que está disposto a encarar todas as adversidades da vida com um sorriso no rosto(por mais que tal sorriso esteja molhado de lágrimas) percebe o que percebi nesses últimos dois anos, que não pertencer a lugar algum é uma benção e não uma maldição, que apenas abrindo mão de agradar a todos podemos começar a agradar a nós mesmos (e apenas quando realmente estamos satisfeitos com nossas vidas é que podemos começar a agradar aqueles que estão a nossa volta), que remorso e tristeza são apenas mais dois sentimentos, e que para se viver uma vida feliz você deve estar disposto a experimentar TODAS as emoções que o ser humano é capaz de sentir ao menos mil vezes.
   Hoje foi um dia triste para mim, e devo admitir que este texto não me parece ir a lugar algum, mas como não estamos com pressa eu acredito que podemos nos dar ao luxo de ler um pouco dos pensamentos de um lunático como eu para ponderar se estamos apenas sobrevivendo na superfície do planeta ou se estamos aproveitando nossa carona nas costas de um gigante espacial enquanto dançamos de modo descoordenado pelo tempo.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Sobre o "adeus"

   Muitas pessoas temem as despedidas mais do que tudo, esse medo do fim que a maior parte dos humanos tem é algo que já foi explorado pelos melhores músicos, escritores, poetas e artistas em geral, mas o que alguns humanos não entendem é de onde vem esse medo.
   Despedidas simbolizam, para a maior parte dos seres humanos, o final de algo, só que se olharmos no grande esquema das coisas, uma despedida nada mais é do que o gatilho para uma nova etapa. Ser humano significa estar em constante mudança, aprender coisas novas todos os dias, conhecer pessoas e coisas desse tipo, só que nada disso seria possível se estivéssemos, para sempre, estagnados em nossas zonas de conforto, é aí que entra o real valor das partidas, ela permite que as engrenagens se movam, que sejamos forçados a fazer coisas diferentes, que tenhamos de visitar novos lugares e que possamos aprender com o passado.
   Existe um velho ditado que diz que nunca damos o devido valor as coisas até que venhamos a sofrer uma perda, e isso é um fato que é exemplificado pelo jeito como encaramos a perda. O sentimento de vazio que sentimos quando alguém morre é devido à três fatores, dos quais apenas um é relevante ao texto, são eles o lembrança de que ninguém é imortal, a noção de que jamais iremos ver aquela pessoa novamente e o medo das possibilidades(que é o item relevante). Quando nos deparamos com uma partida passa pelas nossas cabeças todas as vezes que negligenciamos aquela pessoa, todas as vezes que poderíamos ter sido mais atenciosos, todos os momentos que poderíamos ter vivido junto daquela pessoa, porém essas sensações raramente são externalizadas, nós apenas imaginamos "o que poderia ter sido", esquecendo completamente "do que foi".
   A grande verdade é que dizer adeus nos assusta porque somos complexos, porque temos um jogo de interesses escrito  em nosso código genético, porque não fomos quem gostaríamos de ter sido(as versões idealizadas do mundo que existem no cérebro humano), mas é difícil olhar para os aspectos positivos de nossas vidas nessas horas, nós nos sentimos culpados por estarmos felizes.
   Para encerrar quero deixar duas frases do personagem "The Doctor", da série "Doctor Who?", que sintetizam a mensagem que quero passar com esse texto: "The way I see It, every life is a pile of good things and bad things(...)The good things don't always soften the bad things, but vice-versa, the bad things don't necessarily spoil the good things and make them unimportant."(Do jeito que eu vejo as coisas, toda vida é composta por uma pilha de coisas boas e de coisas ruins. As coisas boas nem sempre amenizam as coisas ruins mas,  vice e versa, as coisas ruins não necessariamente estragam as coisas boas ou as deixam desimportantes.) e "We are all stories in the end.Just make it a good one,eh?"(Somos todos histórias no final. Faça uma boa então, não?)