domingo, 16 de novembro de 2014

Sobre o Mundo

   Uma esfera de terra e água que tem flutuado pelo espaço sozinha desde sua criação, uma centena de milênios atrás, este é o planeta que habitamos, mas mesmo estando aqui já a muitos anos não sabemos muito sobre este maravilhoso mundo, não sabemos o que existe nas profundezas do oceano, não conhecemos nem metade de sua misteriosa fauna e nem sequer como proteger o planeta de nós mesmo, seus mais egocêntricos habitantes. Eu gosto de pensar que o planeta é uma criatura viva, que nos protege, que se irrita conosco, que se sente magoado e até deprimido, que fica feliz e que tenta mudar as coisas. Gosto de pensar que apesar de sua idade não se considera mais sábia que nós, que nos dá liberdade de agir como bem entendermos.
   Os animais as vezes demonstram estar tão atunados com a natureza que são capazes de prever até mesmo desastres climáticos, As vezes pondero se nós, em nossa arrogância, decidimos que estávamos melhores sozinhos e que abandonamos o planeta, que deixamos a voz da Terra se calar em nossas mentes, que quisemos provar algum ponto idiota de superioridade e que, por isso, nos separamos de todo o resto, nos isolando em nossas confortáveis construções de pedra. O ser humano se acha superior a todos, porém fica cada vez mais parecido com as máquinas que cria. Não é de se espantar que já existam máquinas que nos substituam nas mais diversas tarefas, desde o exercício de profissões como a medicina e o direito quanto na produção artística/criativa.
   Vejo os humanos lutando por ideologias que nem deles são, defendendo a perpetuação de uma guerra que está fadada a ter apenas perdedores. Conflitos por recursos, invasão de privacidade, discurso de ódio... Temo que um dia tudo isso se cale em meio ao poderio que nós mesmos criamos, a capacidade de destruir o planeta com a chuva de fogo atômico, ou como preferir chamar está atrocidade que só é possível devido a insegurança e ao ódio humano.
   Sonho que um dia poderei ver um mundo unido, forte, sobre uma bandeira de paz, sonho que não mais lutaremos por território, recursos, armas ou pelo simples prazer de controlar... Sei que isto é apenas um sonho, sei que a Terra jamais será assim. Sei que não é culpa apenas do homem, que apesar dos esforços do planeta, não existe espaço para tantos de nós, hoje somos 7 bilhões, sabe-se lá quantos seremos amanhã...
   Sei que um dia o conflito ira engolir o planeta, que não mais seremos civilizados, que conceitos morais cairão, que valores como amizade e amor serão apenas noções que não terão espaço neste mundo de guerra e ódio, mas rezo para que a bondade e o amor do nosso planeta não se esvaia, que alguém se salve, que a humanidade perdure, que aprenda com o erro dos que vieram antes e que permita um planeta com condições de igualdade para todos os que sobrarem. Esse é o único real poder do ser humano, resistir. Resistimos às guerras, resistimos à morte dos que estão próximos de nós, resistimos ao medo que nos cerca, às nossas incertezas, à nós mesmos...
   Agradeço àqueles que chegaram até esse ponto e imploro que resistam, a vida que vivemos é dura, o ser humano é ganancioso e capaz de odiar, mas o mundo não é cruel, ele é gentil, ele nos dá certezas, como cada amanhecer e cada pôr do Sol. Cada estrela que brilha no céu, os pássaros cantando de manhã e aquela brisa que resfria nossa alma bem quando nós precisamos. Agradeço à oportunidade que o mundo me dá de ser gentil, de evitar o ódio. Espero que algum dia seja capaz de sentir a natureza em mim, mas até lá fico feliz de poder tocar e ser tocado por outras vidas, seja através das ferramentas terrenas(como a voz e o olhar) ou das ferramentas humanas(como o computador e o telefone).

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Sobre a causa LGBT(e qualquer outra letra que se encaixe aqui)

   Esse mês tem sido muito difícil pra mim, todos os dias somos bombardeados com campanhas eleitorais medíocres e que refletem as prioridades invertidas de nossa sociedade, mas o que mais me cansa são os ataques à indivíduos cuja sexualidade não se encaixa no padrão da sociedade. Vou manter este texto simples porque sei que palavras como heteronormativo, discurso de ódio e paralelepípedo são muito complexas para a capacidade cognitiva dos fundamentalistas que defendem "o que é certo", podem me agradecer depois ^^.
   Então vamos lá, o que exatamente um indivíduo gay quer do governo: Igualdade. Você que é heterossexual e está lendo esse texto sabe que quando sair na rua não vai ser atacado por ser hétero, sabe que quando for apresentar a namorada para os seus pais não vai correr o risco de ser expulso de casa ou obrigado a passar por "rituais de purificação", sabe que, caso não possa ter filhos, poderá adotar uma criança ou que poderá contratar um serviço de inseminação artificial para sua esposa. Você tem todos esses direitos garantidos pela constituição. Um individuo gay que saia na rua não sabe se vai voltar pra casa com um olho roxo, com cacos de vidro na cabeça ou se vai, sequer, voltar(e você pode até dizer que você também tem esse medo, mas no fim das contas você teme ser assaltado e não agredido por conta de algo que você não pode mudar), esse indivíduo não sabe se vai poder apresentar o namorado para os pais, alguns vivem a vida inteira sozinhos por medo da rejeição, os poucos que contam estão sempre sujeitos a agressões físicas e verbais(e você pode até dizer que ele pode processar os pais e receber ajuda de amigos, mas você se esquece que TODOS os filhos amam os pais, ninguém prefere estar longe daqueles que lhe presentearam com a vida) e um gay tem que passar por um processo legal extremamente exaustivo para poder adotar uma criança(criança essa que provavelmente está em condições sub-humanas em algum abrigo, apenas esperando que alguém dê amor à ela), e nem me pergunte sobre inseminação artificial...
   Agora você me diz que isso é exagero, que os homossexuais já tem o direito a união estável e que todo mundo sabe que é errado bater em gays, e eu te digo: Não é o suficiente. Não procuramos receber privilégios(como afirmam alguns "defensores da família tradicional brasileira"), buscamos apenas um estado que entenda o que já é tido como conhecimento comum em muitos outros países e por toda a comunidade científica, que o homossexual não é um doente. Que ele merece sim ter seus direitos proporcionados e seus deveres como cidadão cobrados dele, e vale lembrar que união estável não é casamento, e que casamento não é algo exclusivo da religião, buscamos os direitos do casamento CIVIL. Daí você retruca que daqui a pouco vamos querer cotas nas universidades, que vamos pedir o "bolsa gay" e que vamos criminalizar a heterossexualidade, ao que te respondo, meu ingênuo ser humano: QUE? Sim, sua ignorância me choca, as cotas são dadas apenas à indivíduos que não tem acesso ao ensino de qualidade e pessoas com doenças que dificultem a sua educação, um homossexual com renda baixa então teria sim direito a cota, mas não por ser gay, o mesmo vale para um católico com dislexia, que poderá ingressar através de cotas mas não por ser cristão. Sobre "bolsa gay" eu apenas reafirmo meu ponto, não queremos tratamento diferenciado, se um gay estiver apto a receber os benefícios proporcionados pelo bolsa família ele os receberá, o mesmo vale para um evangélico que se encaixe nos quesitos necessários. Por último temos o mais polêmico e mais idiota dos pontos levantados, a criminalização da heterossexualidade... Sério? Minha história romântica favorita é a dos meus pais, um casal heterossexual, católico e extremamente devotado um ao outro, meus filmes favoritos são filmes românticos com casais heterossexuais(About Time, Moulain Rouge, Up! e por aí vai...) e uma de minhas maiores alegrias na vida é saber que a minha melhor amiga um dia terá filhos, sou filho único então por meios naturais jamais seria tio, mas fico feliz que um dia eu possa me tornar um tio de coração.
   Então não temam meus caros heterossexuais assustados, nós não planejamos transformar seus filhos em "viados", não queremos acabar com a raça humana e não queremos ser isentos de impostos(ou melhor, até queremos, mas queremos que TODOS os seres humanos sejam também, afinal de contas, ninguém merece pagar tanto pra não receber nada...) e mantenham em mente que ser gay/lésbica/hétero/bissexual/transgênero/transsexual/travesti/pansexual, ou qualquer outra coisa que seja, não dita o caráter, não devia gerar ódio e não torna ninguém melhor do que ninguém, a orientação sexual e identidade de gênero são, meramente, uma pequena lasca do que qualquer ser humano é, então antes de julgar que alguém deve morrer só porque essa pessoa se relaciona com pessoas do mesmo sexo, lembre-se que essa pessoa também tem sentimentos.

domingo, 10 de agosto de 2014

Hoje eu não estou com pressa

   Eu sei que o dia dos pais já passou, mas devo admitir que não estava me sentindo no melhor dia para escrever sobre o meu pai, ou sobre qualquer pai. Sinto que as celebrações dessa data nunca mais terão o mesmo sentido para mim, mas isto não me impede de celebrar o dia de algum modo.
   Sempre tive medo de como lidaria com mudanças, posto que até a oitava série minha vida havia sido um tanto repetitiva. Olhando em retrospecto sinto saudades daqueles dias sem preocupações, das noites cantando com meus pais, das discussões por coisas tão triviais e cujos motivos eram esquecidos antes do final da discussão, sinto falta de cada pequeno detalhe que formava aquela infância despreocupada...
   Quando tive de mudar de escola pela primeira vez na vida eu percebi que aquela vida que eu havia vivido já não me cabia mais, foi então que percebi que eu podia me adaptar a qualquer grupo, que eu poderia ser amigo de quem eu quisesse(algo que, para um garoto tímido e que vivia dentro de uma bolha, parecia ser um pouco demais para meu pequeno cérebro).
   Quando terminei meu colegial percebi mais um segredo sobre a vida, que não pertencemos a lugar algum, que podemos construir uma casa, seguir todas as regras da sociedade, fazer amizade com todas as pessoas que a gente encontrar e que continuaremos apenas flutuando no espaço pelo tempo que nos resta até que nossas vidas acabem e nossos corpos não mais se movam.
   Sei que isso parece deprimente para o leitor de primeira viajem, mas aviso que apenas aquele que está disposto a encarar todas as adversidades da vida com um sorriso no rosto(por mais que tal sorriso esteja molhado de lágrimas) percebe o que percebi nesses últimos dois anos, que não pertencer a lugar algum é uma benção e não uma maldição, que apenas abrindo mão de agradar a todos podemos começar a agradar a nós mesmos (e apenas quando realmente estamos satisfeitos com nossas vidas é que podemos começar a agradar aqueles que estão a nossa volta), que remorso e tristeza são apenas mais dois sentimentos, e que para se viver uma vida feliz você deve estar disposto a experimentar TODAS as emoções que o ser humano é capaz de sentir ao menos mil vezes.
   Hoje foi um dia triste para mim, e devo admitir que este texto não me parece ir a lugar algum, mas como não estamos com pressa eu acredito que podemos nos dar ao luxo de ler um pouco dos pensamentos de um lunático como eu para ponderar se estamos apenas sobrevivendo na superfície do planeta ou se estamos aproveitando nossa carona nas costas de um gigante espacial enquanto dançamos de modo descoordenado pelo tempo.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Sobre o "adeus"

   Muitas pessoas temem as despedidas mais do que tudo, esse medo do fim que a maior parte dos humanos tem é algo que já foi explorado pelos melhores músicos, escritores, poetas e artistas em geral, mas o que alguns humanos não entendem é de onde vem esse medo.
   Despedidas simbolizam, para a maior parte dos seres humanos, o final de algo, só que se olharmos no grande esquema das coisas, uma despedida nada mais é do que o gatilho para uma nova etapa. Ser humano significa estar em constante mudança, aprender coisas novas todos os dias, conhecer pessoas e coisas desse tipo, só que nada disso seria possível se estivéssemos, para sempre, estagnados em nossas zonas de conforto, é aí que entra o real valor das partidas, ela permite que as engrenagens se movam, que sejamos forçados a fazer coisas diferentes, que tenhamos de visitar novos lugares e que possamos aprender com o passado.
   Existe um velho ditado que diz que nunca damos o devido valor as coisas até que venhamos a sofrer uma perda, e isso é um fato que é exemplificado pelo jeito como encaramos a perda. O sentimento de vazio que sentimos quando alguém morre é devido à três fatores, dos quais apenas um é relevante ao texto, são eles o lembrança de que ninguém é imortal, a noção de que jamais iremos ver aquela pessoa novamente e o medo das possibilidades(que é o item relevante). Quando nos deparamos com uma partida passa pelas nossas cabeças todas as vezes que negligenciamos aquela pessoa, todas as vezes que poderíamos ter sido mais atenciosos, todos os momentos que poderíamos ter vivido junto daquela pessoa, porém essas sensações raramente são externalizadas, nós apenas imaginamos "o que poderia ter sido", esquecendo completamente "do que foi".
   A grande verdade é que dizer adeus nos assusta porque somos complexos, porque temos um jogo de interesses escrito  em nosso código genético, porque não fomos quem gostaríamos de ter sido(as versões idealizadas do mundo que existem no cérebro humano), mas é difícil olhar para os aspectos positivos de nossas vidas nessas horas, nós nos sentimos culpados por estarmos felizes.
   Para encerrar quero deixar duas frases do personagem "The Doctor", da série "Doctor Who?", que sintetizam a mensagem que quero passar com esse texto: "The way I see It, every life is a pile of good things and bad things(...)The good things don't always soften the bad things, but vice-versa, the bad things don't necessarily spoil the good things and make them unimportant."(Do jeito que eu vejo as coisas, toda vida é composta por uma pilha de coisas boas e de coisas ruins. As coisas boas nem sempre amenizam as coisas ruins mas,  vice e versa, as coisas ruins não necessariamente estragam as coisas boas ou as deixam desimportantes.) e "We are all stories in the end.Just make it a good one,eh?"(Somos todos histórias no final. Faça uma boa então, não?)

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Sobre o que podia ser

   A vida é feita de passagens, encontros e despedidas são coisas recorrentes no cotidiano de um humano padrão, o que nunca percebemos é a grande quantidade de possibilidades que ignoramos quando temos uma abordagem indiferente no nosso cotidiano. Pode parecer um conceito estranho, mas aquele senhor que mora no final da sua rua tem uma vida tão importante quanto a sua mas as chances de vocês conversarem é tão pequena que você provavelmente vai passar a vida inteira sem saber da história dele...
   Algumas vezes passamos por pessoas que tem interesses similares aos nossos mas que jamais iremos conhecer pelo simples fato de nossas vidas não colidirem socialmente, por mais que você veja a pessoa todo dia na hora do almoço no boteco da esquina.
   Meu maior medo é perder oportunidades nessa vida, então sempre que consigo juntar coragem suficiente eu desejo bom dia à um estranho, também presto atenção à todas as histórias que consigo ouvir, posto que este é o único jeito de manter viva a memória de alguém depois dessa pessoa morrer.
   Eu sinto que todo ser humano devia fazer isso alguma vez, ouvir o que um estranho tem à dizer, abrir um sorriso para uma pessoa que talvez não vá ver sorriso algum em seu emprego estressante naquela tarde e vai chegar em casa só para não encontrar ninguém. Suponho que seja isso que torne o mundo melhor, essas pequenas coisas que podem fazer a diferença na vida de alguém.
   Peço porém que você, atento leitor que ficou comigo até este ponto, não leia este texto e esqueça do que eu disse, muitas vezes lemos alguma coisa na internet que achamos interessante e logo em seguida arquivamos em nossos cérebros para nunca mais pensar naquilo. Não, imploro que você aplique esse conceito no seu dia-a-dia, porque é assim que mudamos o mundo, fazendo um ato que será imperceptível, mas que vai transformar este triste mundo cinza e efêmero em um lugar um pouquinho menos cinza e levemente mais eterno.

Sobre ser humano

   Entre direita e esquerda, feminismo e machismo, pró e contra, eu prefiro me abster de opinar... Cada vez mais eu vejo posts no facebook, conversas entre amigos e amigas e monólogos de gente famosa que só conseguem pensar em justificar porque "A" está certo e "B" está errado, se esquecendo que todos os seres vivos tem direito de fazer escolhas e de viver a vida como bem entendem.
   Não estou defendendo as opiniões estúpidas, estou meramente ressaltando o direito que todo indivíduo tem de opinar e de demonstrar seu ponto de vista, por menos iluminado que tal indivíduo possa ser.
   Vale lembrar que todo ser humano nasce, cresce, cria laços e morre, então, de um ângulo um tanto simplista e idealista, peço que deixem as pedras no chão e comecem a dialogar, porque o mundo já está cheio de idiotas inescrupulosos gritando e batendo uns nos outros.
   Vamos levar em conta que algumas pessoas podem se ofender se você empregar termos ofensivos contra elas, como por exemplo "insultar" algum oficial que foi eleito por voto popular (por incrível que pareça essa pessoa, muito provavelmente, tem sentimentos) ou insultar alguém que você julga inferior (seja por credo, alinhamento político, orientação sexual, cor da pele, pela quantia de dinheiro que ela possui ou por QUALQUER outro motivo besta que um ser "civilizado" possa inventar).
   Agradeço aqueles que leram esse texto de desabafo inteiro e espero que aqueles que se sentirem atingidos por esse texto decidam mudar os seus caminhos, posto que, assim como dita a boa conduta, aqueles que desejam falar devem, antes, entender as vantagens de ouvir...